domingo, 31 de outubro de 2010

Coração de mãe não falha...


As coisas evoluem de um post para o outro. Ontem foi dia de Gira e estava tudo certo para meu padrasto me levar até o terreiro de carro, pois ele queria ter uma conversa com meu Pai de Santo e aproveitar  para assistir a sessão (Não! Ele não virou pastor!). Só que de manhã, ele passou muito mal e disse que não iria mais ficar para a Gira... mas que me levaria mesmo assim, conversaria com o Pai e depois iria embora. Minha mãe preocupada com ele voltar dirigindo sozinho, se ofereceu pra ir junto, mas deixando bem claro que esperaria ele no carro!

Já fiquei tensa ! 

Quando chegamos, eu pedi para meu padrasto esperar no carro até eu informar ao Pai que ele estava lá e saber se ele poderia entrar. Assim fiz. Cheguei, tomei benção e logo ele perguntou: "Cade seu padrasto?". Então eu respondi: "Está com a minha mãe no carro..." e o Pai diz em seguida: "Deixe eleS entrarem!" - Meio sem graça, eu dei a volta ao mundo pra explicar que a minha mãe não iria entrar de maneira alguma e o quanto ela era preconceituosa, mas minhas palavras foram em vão. Ele com seu jeito "Ogum com Iansã", foi rapidamente busca-los lá fora.

Fiquei tensa em dobro !

De longe ví minha mãe caminhando na minha direção e tentei disfarçar o nervosismo com um sorriso meio sem graça. Em seguida fui tomar meu banho de ervas e trocar de roupa, enquanto meu padrasto foi conversar reservadamente com o Pai.

Tentava me concentrar no banho, mas foi impossível. Não parava de pensar no que minha mãe estava sentindo. Então joguei o banho no corpo, troquei de roupa e saí com a cara, a coragem e toda de branco. Aquela era a primeira vez que ela estava me vendo vestida com a roupa de santo.

Eu me sentei ao lado dela e ela logo comentou sobre a pintura que tem na parede de todos os Orixás, dizendo que era muito bonita e de muito bom gosto. Não resisti e perguntei: "Tá gostando, mãe?" e ela sem pensar respondeu: "Estou me sentindo em paz mesmo, gostei muito!"

Só eu e os Orixás sabemos o quanto eu pedi para que ela aceitasse de coração aberto a importância da minha religião na minha vida. Só Eles sabem quantas vezes eu chorei dentro do Gongar, pelas inúmeras brigas geradas por ela ser contra alguns recolhimentos que tive que fazer, trabalhos, gastos. E agora toda essa minha mudança começa a fazer sentido. 

Eu pensava que só em uma próxima encarnação, nós duas viveríamos em paz. Agora eu vejo tudo clarear, o que faz fortalecer ainda mais a minha fé ! 
 "Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torna o irreal possível."
Nando Reis

sábado, 30 de outubro de 2010

Palavras de um Pastor !


Hoje vou contar algo que aconteceu há 1 ano atrás mais ou menos. Minha mãe em uma das tentativas de me converter, me levou "enganado" para um culto evangélico. Seria uma festa no apartamento novo de uma amiga dela e para agradecer esse apê, essa amiga fez antes da festa um mini culto de graças alcaçadas no local. Minha mãe, tão inocente, disse que não sabia desse culto que rolava antes.

Eu respeito muito todas as religiões, mas numa ocasião dessas se me perguntam  "você  aceita Jesus", eu deixo claro que aceito toda tragetória dele, mas que já tenho minha religião bem definida.

O culto estava rolando muito bem, a pregação rolando solta, palavras da bíblia, relatos da dona do apartamento, chorôrô de emoção dos amigos e enfiiiiiiim vieram os comes e bebes (não alcoolicos). Tô vendo de longe, meu padrasto virando amigo de infância do pastor e minha mãe ao seu lado. E assim ficaram durante toda festa. 

Minha mãe as vezes se aproximava de mim como quem não quer nada e dizia: "Viu que clima legal?" ou então ficava me perguntando o tempo todo se eu estava gostando. Eu fiquei quieta no meu canto a festa toda, pois não queria dar brecha pra alguém se aproximar de mim e tentar me converter. 

Até que na hora de ir embora, fomos nos despedir do pastor. Nisso ele vira para o meu padrasto e diz: - Deus tem muitos planos pra você. Você será um excelente PASTOR!!!

Aí depois ele vira pra minha mãe e diz: - A senhora será uma excelente obreira ao lado dele!

Ele olha pra mim e eu penso: "PRONTO! Lá vem..." Porém, ele respira fundo e fala:  - Você tem um caminho muito bonito pela frente, uma missão muito bonita pra cumprir e sei que você já está agarrada com ela ! Deus fica muito feliz de você ter aceitado essa missão ! Ele vai te dar muita força porque é um caminho difícil e tem muita gente contra, mas não escute esses, escute só seu coração!!! -
Eu abracei o pastor com o meu corpo todo arrepiado, pois era nítido que aquilo foi uma mensagem que passaram pra ele. Até minha mãe adimitiu.

Essa noite ficará guardada na minha memória (e a cara de sem graça da minha mãe também). Aprendi que não posso julgar se serei julgada, pois nesse caso o preconceito partiu de mim e eu perdi uma ótima oportunidade de uma possível conversa agradável.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Meu amigo e guardião - Exú 7 Encruzilhada


Antes de frequentar o terreiro, eu já conhecia a sua fama! "O sr. Sete Encruzilhada é muito sério." ou então,  "Ihh... o Sr. Sete Encruza não dá muito papo pra ninguém não." e ouvi até mesmo "Nem pense em falar sobre relacionamento com esse Exu, senão ele vai te dar um passa fora!". 

Quando eu comecei a frequentar a casa, ainda na assistência, foi afinidade a primeira vista. Eu senti dentro de mim nascer uma confiança que JAMAIS senti com ninguém nesse mundo. O médium incorporado não precisava estar usando capa, pra eu me sentir totalmente acolhida debaixo dela! E esses foi um dos motivos fundamentais por eu escolher aquela casa, por não ter mais medo e seguir forte no caminho da Umbanda.

Com o tempo, aquele que falava pouco e era sério estava gargalhando com as minhas vitórias, conversando horas e horas comigo, inclusive sobre meus relacionamentos. Era tão nítido aos olhos de todos o quanto carinho sentíamos um pelo outro, que a Dona Padilha chegava a brincar me chamando de Povo do Sete!

Como é bom ser Umbandista. Como é bom cantar e louvar esse meu amigo tão especial. Como é bom saber que tenho sempre ele ao meu lado, acompanhando meus passos, me guiando, não me deixando cair... Por isso, sempre ao louvar o Sete Ecruzilhada, irá escorrer uma lágrima de felicidade do meu rosto, por saber que tenho ele como meu amigo de fé.

Saravá Sete Encruzilhada !!!

Axé

sábado, 23 de outubro de 2010

Tempo bom pra pensar


Olá Sábado !

Começou a cair uma chuvinha boa aqui no Rio de Janeiro. Tá aquele tempinho gostoso pra ficar em casa,  fazer um lanche gostoso, pensar, escrever e desabafar.

Hoje acordei com um vazio. Sábado era o dia de preparação pra Gira. Era o dia que, ao contrário da maioria dos jovens da minha idade, eu ficava em casa, preparava a roupa, deixava meu lanche pronto, as vezes assava um bolo para levar pra galera (hehe), dormia cedo, pois precisava estar inteira no Domingo ! 

Que foi difícil tomar a decisão de deixar a minha antiga casa, todo mundo sabe. Mas só eu não sabia o quanto iria doer chegar no final de semana e não saber o que se passa na casa. 

Quem sabe escrevendo e desabafando, a saudade não diminui. Quem sabe não dói menos... 

Conversando com uma irmã da antiga casa, ela disse admirar minha coragem ! Pois é, eu também admiro. Admiro a força que veio de algum lugar e me fez conseguir dizer tchau... e agora? É um novo começo, novos sentimentos, novas energias, mas o mesmo amor, o mesmo espírito buscando o acerto, o mesmo coração que se dedica a tão falada missão. 

E há quem diga que não devemos olhar pra trás. Eu olho pra trás com muito orgulho de tudo que aprendi, vivi e senti... To começando a perceber que o tempo vivido na antiga casa, foi como ser gerada! E agora, eu sigo em frente caminhando com minhas próprias pernas, ainda aprendendo a andar, me esquivando dos apuros, com fé, com paciência e dedicação sempre.

Beijos

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A limpeza tem axé !


Limpar o Gongar, o banheiro, a cozinha, o chão, os armários.  Lavar, esfregar, passar pano, jogar água, secar o chão... quando estamos limpando, limpamos nosso interior e isso reflete no exterior. Falo por experiência própria !

Desde o primeiro dia que entrei pra uma casa de Umbanda, não foi difrente. "Aqui é assim, todos fazem tudo." - Disse a Mãe. - As tarefas eram divididas. Enquanto um limpava aqui, o outro irmão limpava ali e lá fui eu, ao me juntar a casa, começar a limpar também. A cada esfregada no chão, sentia sair junto com a sujeira toda tensão que era acumulada no dia a dia e todas as impurezas ao longo desses 23 anos.  Depois de ver tudo limpo, cheiroso, dava pra sentir a luz que saía do chão, a energia boa que fica um ambiente limpo por NÓS. 

Afinal, somos FILHOS DA CASA e é nosso DEVER manter aquele chão que nos acolhe bem limpinho, até porque é naquele chão que os nossos guias de fé são enviados para pisar.

E quem me viu, quem me vê. Logo eu que não sabia lavar um prato, tinha nojo de panela e lavar um banheiro nem pensar. Hoje é com prazer que eu pego a vassoura, o pano e esfrego até brilhar, para que ali seja feita a caridade, para que as pessoas que ali frequentam se sintam bem, acolhidas, em paz. 

Leio por aí alguns iniciantes perdidos sem saber por onde começar. Que tal começar com uma limpeza? Limpeza essa, que refletirá em todo seu interior! 

A limpeza também tem AXÉ ! 

Hoje resolvi limpar meu quarto todo. Acordei as 7 da manhã e desde então estou separando roupas para doar, coisas que não servem mais, coisas que vão direto para o lixo. Fazendo isso, me deu a inspiração pra esse post. 

A limpeza que faço na minha casa, também leva harmonia pra minha alma. 

Beijos, deixa eu continuar a faxina aqui ! ;]

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Comer Comer...


No prato estava servido arroz, lentilha, salada e carne de soja. Em recolhimento, deve-se comer de acordo com o preceito. Estava deitada e o prato chega farto com as comidas citadas. Ferrou! De tudo que estava servido ali, eu gostava somente do arroz. Dei uma garfada, duas, três, empurrei a quarta e não aguentei mais!

Bastaram alguns meses e eu já estava batendeo pratos fundos (não é exagero) não só de lentilha, mas como de sopa de Inhame, Beterraba, Brócolis (hummmm). Tudo que eu nunca tinha provado e achava que não gostava! A única coisa que eu não aprendi a comer de jeito nenhum, era GALINHA... aquele nervinho, osso... galinha não rolava!!! Enfim, aprendi a comer bem e também não havia nada comparado ao tempero da irmã que era responsável pela nossa comida, sentirei mais saudades dessa parte mas é obvio que estarei sempre por lá filando a comida deles (Fato!).
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Bom, cheguei no terreiro novo para fazer uma limpeza e deitar, justo na hora do almoço. O cheiro ia longe e eu estava despreocupada, pois agora sabia comer! Quando o almoço é servido: GALINHA COM QUIABO ! Pensei: não vou me desesperar! Não sou mais criança! Vou servir um pouquinho de cada ! Quando eu comi, confesso que estava uma delícia !! E assim, entra mais uma coisa pra lista de que agora eu como: Quiabo ! De verdade, espero que um dia eu aprenda a gostar de galinha também, já que a galinha está em tudo.

Axé para quem é da cozinha
Axé para quem por aqui passa !

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Humildade para sair


Estreando o Diário dos Leitores, posto a história que aconteceu com o Renan. Ele conta como foi pedir licença da sua primeira casa. Aí vai:

"Bom, com a mesma humildade e digamos necessidade que chegamos a uma porta de um terreiro, onde a mesma se abre com todo carinho e afeto a um mero desconhecido e na qual confiamos a ponto de contar o que nos aflige e a nossa vida no modo geral. Nessa casa que nos abriu os caminho pra adentrar-mos a espiritualidade que nos ensinou a humildade, que nos ajudou a chegar em um estágio evolutivo um tanto elevado comparado ao qual a gente se encontrava,  que nos ajudou a chegar ao alto mas nunca esquecer de onde nós viemos, enfim, aquela primeira MÃE e a primeira MORADIA que sempre deve ser lembrada! Mas como cada pessoa tem uma necessidade e um anseio e as vezes as respostas não estão em todos lugares devemos abrir o coração e buscar o que realmente precisamos.

Embora, na PRIMEIRA MORADIA não estava ali o que você precisava, deve como um bom filho pedir licença agradecer os conhecimentos e jamais diminuir essa casa que lembre-se ela te amparou no inicio de sua caminhada, BATENDO CABEÇA e dando um abraço de despedida em seus IRMÃOS DE FÉ e parti em uma nova busca... 

Como me deixava triste um irmão de muito tempo de casa por simples desavença saia dessa moradia e ainda não o bastante falando mal da casa, dos dirigentes sem nenhum sentimento de culpa, lamentável. Mas como era bom ver em minha ex-zeladora sempre com um sorriso no rosto e mesmo sabendo o que estava acontecendo com tais filhos em seus agrados sempre pedia proteção e caminho ao seus. Que humildade, que bondade, que doçura e que sabedoria A BENÇÃO MINHA MÃE! 

Com esse conto quero te contar o quanto é importante respeitar a nossa raiz que por mais que você ache que ela esta apodrecida ela sempre haverá algo que a deixará e muito VIVA! Como você, tive que buscar outros caminhos mas com respeito pedi licença e com cabeça erguida e com a benção de minha Mãe sai e com um prévio convite: "Meu filho quando você quiser as portas estarão abertas e caso queira convidar seu novo Pai e seus irmãos pode me falar".

Renan Venturini, Sel. 

Obrigada por me escrever, Renan ! A humildade é a raiz da nossa Umbanda. Se por algum motivo, um filho não quer ou não pode mais fazer parte daquela corrente, a humildade deve estar sempre em primeiro lugar.

Afinal, não devemos esquecer que existe um astral inteiro nos olhando. E quando agimos com verdade, eles são os primeiros a não nos deixar cair !!!

 Axé !

Ps.: Pra enviar sua história, seu desabafo, um fato que gostaria de compartilhar, é só escrever para: filhadepemba@hotmail.com
Ps².: Que bom que estão gostando do Blog ! Fico muito feliz !

(Re)Começando


Arrepios, palavras, lágrimas que escorreram durante todo o tempo que permaneci em um lugar, ficaram pra trás. Agora, é hora de seguir um caminho e achar uma direção, viver novas energias, sentir novos arrepios, ouvir novas palavras e me emocionar cada vez mais ao ver o quanto é bonito o caminho da Umbanda, mas como ele machuca também.

Pensei que nunca fosse conseguir olhar para Dona Jupira, chefe do terreiro, e dizer que iria sair da casa. Conhecendo mais a mim do que eu mesma, ela me poupou quando chegou com o seu brado vibrante, virou  e disse: "Você vai... e eu estarei sempre junto de você!"

Esse meu momento de transição, me levou a criar esse diário. Como foi difícil dizer tchau! Como foi difícil pisar em um novo chão, deitar em um novo Gongar. Ah... se não fosse a fé que eu tenho nos Orixás. Ah... se não fosse o amor que eu bato a cabeça no Gongar. E ah... se não fossem todos eles do meu lado... eu não sei se ainda estaria aqui de pé.

Novos caminhos, novas provações, novo blog, novas histórias. Fique a vontade para mandar a sua também! Termino o post de hoje, lembrando da doce face da Vovó Maria Conga cantando: "Eu quero ver, vovó, eu quer ver... Eu quero ver se filho de pemba tem querer"

Axé !
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